ELA, NOITE
- Marcelo Marques Junior
- 13 de fev. de 2021
- 1 min de leitura
Do espelho, um raio de luz reflete em mim, revelando um desenho multicolorido em meu ombro. Era o sinal de mais um dia recém-nascido, fadado à morte, pelo sumiço momentâneo do Sol.
O sol não deixará de existir, apenas pelo fato de não ser visto. Ele estará lá: latente aos que brindam a noite, e luminoso àqueles que possuírem capacidade de vê-lo.
Sabe, costumava me sentir desabrochando, dia a dia, sentindo o calor da vida na pele. Às vezes tão intensamente que até queimava. Costumavam me falar sobre o reluzir dos meus olhos. Sim, eu era vista.
Costumava conseguir respirar e sentir o ar invadindo meus pulmões. Costumava sentir. Sentia muita coisa.
Hoje, sinto muito: por não ter me dado a oportunidade de viver meus planos; por ter vivido às sombras de alguém; por não ter sido eu mesma.
Sinto amor, mas não me sinto amada.
Fixo meus olhos no reflexo multicolorido espelhado no meu corpo. Não quero me olhar nos olhos e encarar o que deixei de me tornar.
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